A Fonte da Memória, digo, o Cavalo Babão, é um bom exemplo de como a criatividade e a expressão popular é capaz de moldar a cidade a seu bel prazer. Quase ninguém que se diga legitimamente curitibano sabe onde fica a Fonte da Memória, porém não há quem não tenha uma ou outra história pra contar dos passeios no Largo da Ordem e o Cavalo Babão como ponto de referência.
O Cavalo Babão, assim como tudo no centro histórico, é palco para muitas histórias curitibanas. Tem movimento cultural, ponto (extra)oficial de encontro de final de semana, tem lenda e também tem simbologia e “resgate de memória” dos povos que ajudaram a construir a nossa querida capital.
Construído em 1995 a estátua do cavalo em mármore e bronze, de autoria de Ricardo Tod, saudoso escultor curitibano. A obra fica na Praça Garibaldi, sua frente está voltada para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário; em uma de suas laterais, está o Palacete Wolf e atrás, o Palácio Garibaldi, símbolo da força e união dos imigrantes italianos. A Fonte da Memória remete a uma época em que aquela região era tomada de carroças dos colonos, em sua maioria italianos, poloneses e tropeiros que vinham até o local vender sua produção. Há quem diga também que a fonte simboliza o último cavalo que bebeu no Bebedouro do Largo.
Desde que foi criada, a Fonte da Memória é um símbolo boêmio do Largo da Ordem: impossível passar por ali e não sentar para observar o coração de Curitiba. O lugar é tão emblemático, que se tornou o local oficial de realização de alguns eventos sociais como as batalhas de Slam
(tipo de competição de poesias de rua) e dos encontros noturnos da galera underground
da cidade. Por falar em underground, ali tem de tudo: gótico, metaleiro, Punk, Death, Hippie....
Não à toa, toda essa galera descolada deu certa fama para a cidade, que também é conhecida como “capital do Rock” e foi eleita a cidade mais “roqueira” do Brasil, em 2017, através de um levantamento de uma famosa plataforma de músicas em streaming.
O resultado foi que o Rock é o gênero musical mais escutado em Curitiba.
Gostamos tanto desse gênero musical, que até no carnaval demos um jeitinho de curtir no ritmo carnavalesco de bandas famosas como Beatles, The Doors e Led Zeppellin. O inusitado bloco, “Caiu no Cavalo Babão”, vem de uma prática comum no fim das noites de verão, onde alguém sempre é flagrado tomando um “banho” na Fonte da Memória.....
De tão marcante na cena underground
curitibana, o Cavalo foi inspiração até para um HQ sobre o apocalipse zumbi onde a artista Etiene Pellizzari, junto com outros ilustradores, reuniu ilustrações em 76 histórias no álbum Cidade Sorriso dos Mortos Vivos.
E como todo bom local legitimamente curitibano, o cavalo babão também tem lenda....
A história é sobre um potro, que há muitos anos nasceu em noite de eclipse e por isso foi tomado por uma doença que o fazia “babar”. O dono do potro sabia que o cavalo não serviria para muita coisa, mas com dó de matá-lo e para que seus filhos não maltratassem o animal, decidiu doá-lo a um garoto em uma das feiras do Largo da Ordem. O garoto, então, se deixou levar pelo cavalo, e acabou parando em um bosque e revelando um grandioso tesouro. Em homenagem ao cavalo amigo, o garoto tentou erguer uma estátua, mas isso não foi possível. Anos se passaram e o cavalo babão morreu e foi enterrado no que dizem hoje ser o local onde a fonte foi erguida.
Verdade ou não, essa é apenas mais uma das histórias da cidade sorriso.... Tá aí outra lenda! Você já viu curitibano sorrindo? rsrsrsrsr