Igreja da Ordem
A construção da Igreja de Nossa Senhora do Terço, como era antigamente chamada a Igreja da Ordem, foi concluída em 1737, sendo na época a terceira da cidade. As duas primeiras foram a Igreja Matriz (atual Catedral), em 1721, e a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito (atual Igreja do Rosário), em 1736.
As obras foram realizadas por colonizadores portugueses e, a partir de 1746, religiosos franciscanos assumiram a paróquia, passando a chamá-la de Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas.
Sem manutenção adequada, uma parte da igreja desmorona quase um século depois de sua construção. Mesmo em condições precárias, imigrantes poloneses passam a frequentá-la e a adotam como paróquia.
A reforma definitiva do templo só ocorre quase 50 anos mais tarde para receber a visita ilustre do casal imperial, Dom Pedro II e sua esposa, Teresa Cristina, em 1880, que visitaram a cidade para a inauguração da Santa Casa de Misericórdia. A torre da igreja foi concluída anos depois, em 1883, e os sinos doados por produtores de erva-mate. Em 1885, por ocasião da inauguração da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, a igreja recebe novamente a família imperial, dessa vez nas pessoas da Princesa Isabel e seu marido, o Conde D’Eu. Vale lembrar que a Catedral estava nesse período sendo (re)construída e por isso a Igreja da Ordem foi reformada e recebeu a Família Imperial.
Onze anos depois, em 1896, as celebrações passam a ser realizadas no idioma alemão, o que ocorre até 1937.
Características curiosas da sociedade dessa época, no final do século XIX e início do século XX, são observadas até hoje, como as portas laterais a uma altura de mais de 50cm do chão, para que as pessoas descessem de suas carruagens sem sujar os pés no chão ao redor da igreja. Como se observa na foto abaixo, essas portas estão ainda lá, obviamente desativadas, na lateral da igreja, no início da Rua Mateus Leme (aliás o endereço oficial da Igreja é esse: Rua Mateus Leme, 01).
Ao lado esquerdo da porta principal, no chão, também está lá o “Rapa Pés” de ferro, usado pelos fieis que chegavam a pé, para limpar os calçados (ou mesmo os pés) cheios de lama ou terra antes de entrar na igreja. A curiosidade é que a expressão “pé rapado” é usada até hoje (!!!)
Em 1940, a administração da Igreja é assumida pelos padres Capuchinhos que a entregam aos Padres dos Sagrados Corações em 1949. Esses permanecem até 1993. Nesse período, por determinação do então Arcebispo, Dom Manuel da Silveira D’Elboux, a Igreja passa a fazer a Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento, transformando-se num Santuário.
Devido a tantas reformas e mudanças administrativas, o estilo arquitetônico originalmente colonial da Igreja foi se perdendo e assumindo características neogóticas.
Seu tombamento como Patrimônio Cultural do Estado do Paraná ocorre somente em 1966. A Igreja da Ordem foi reformada algumas vezes mais ainda no século XX. Durante uma das reformas, em 1993, foi encontrado entre suas paredes um pequeno caderno com anotações históricas sobre a igreja (um opúsculo!), a “Breve Notícia da Igreja da Ordem III de São Francisco das Chagas”, de Antônio Lustoza de Andrade, que havia sido o responsável pela reforma da igreja em 1880, para a visita de Dom Pedro II.
Em 1981, o Museu de Arte Sacra de Curitiba (MASAC) passa a funcionar no anexo à Igreja, reunindo paramentos e objetos históricos das quatro igrejas mais antigas da cidade: a então Matriz de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais (que existia onde hoje é a Catedral), a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, a Igreja de São Francisco de Paula e a própria Igreja da Ordem. No início deste ano de 2019, no entanto, o museu foi desativado pela Prefeitura Municipal de Curitiba, para reformas que já foram concluídas. Ainda não foi reaberto para o público.
No ano de 2003 foi inaugurado, atrás da igreja, o Cenáculo Arquidiocesano, um espaço para as mais diversas atividades, contando com grande auditório, refeitório, capela, jardim e dormitórios.
Desde 2017, o reitor e administrador do Santuário é o padre diocesano Antônio Luciano Ferreira de Lima.
No interior da igreja, várias obras de arte podem ser admiradas, como a Via Sacra, pintada em 1983 por Luís Carlos de Andrade Lima, um célebre pintor curitibano, falecido em 1998.
O órgão de tubos da Igreja da Ordem é o instrumento mais antigo de Curitiba, provavelmente trazido da Matriz em 1880, por ocasião da visita de Dom Pedro II. O espetáculo diário e pouco divulgado é a missa das 16h, quando o organista Antonio Aloir Foggiato Junior se debruça sobre o instrumento durante a celebração. Às segundas-feiras, a missa ocorre somente às 7h30min. Aos domingos, ele toca em todas as missas acompanhado de cantos gregorianos, às 8h30min, 10h e 12h.
Vale uma escapada da feirinha do Largo!