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Quem nunca visitou o Largo da Ordem e se perguntou sobre o que foram as Ruínas de São Francisco e por que elas permanecem ali até hoje?

Pois bem, esse resumão vai pra você, que como eu, tem curiosidade de saber sobre os mistérios por trás daqueles tijolos das Ruínas na Praça João Cândido....

Primeiro fato histórico: as Ruínas não são um prédio que foi destruído pelo tempo, são os vestígios de uma edificação que não foi finalizada a Igreja de São Francisco de Paula, iniciada em 1799 pelos esforços do Coronel português Manoel Gonçalves, uma figura importante na sociedade curitibana dessa época.

 

Segundo fato: A igreja de São Francisco, diferentemente das outras construções coloniais das igrejas do mesmo período, foi construída voltada para a Serra do Mar e não para o Sul, como a igreja Matriz (Nossa Senhora da Luz dos Pinhais) a do Rosário e da Ordem. Isso porque seu idealizador desejava que a igreja do alto do morro, fosse a primeira coisa que vissem os viajantes vindos do litoral.


Terceiro fato: Durante seus mais de duzentos anos de existência, a construção inacabada foi palco de inúmeras lendas, as histórias vão desde almas penadas do vigário que cuidava da construção inacabada, passando por contos de piratas e tesouros escondidos, até uma serpente gigante que vivia no subterrâneo da cidade, entre o Alto do São Francisco e a Igreja Matriz. Pois bem, as lendas são um capítulo a parte e merecem um post só delas, e cá entre nós, a imaginação humana é muito fértil! Grande parte das lendas surgiram para explicar fenômenos que os moradores da cidade não conseguiam explicar de maneira exata.

Quarto fato: Nas Ruínas, assim como na matriz existia um antigo cemitério. Atrás da catedral, foram enterrados religiosos, figuras importantes e pessoas que contribuíram para a reconstrução da igreja matriz, castigada com a constante infiltração e consequente desmoronamento de paredes. Já o Alto do São Francisco era destinado ao sepultamento de pagãos, suicidas, condenados e todo o tipo de gente pudesse ser considerada “indigna” da misericórdia de Deus.

Quinto fato: A construção fadada ao fracasso... A primeira tentativa de erguer um templo a São Francisco emperrou na necessidade de reformar a igreja matriz, considerada por muitos daquela época, mais importante do que a construção de um novo templo. A segunda, na chuvarada que desaguava na vila de Curitiba cada vez que os escravizados da época pegavam nos esquadros para alinhar as paredes “alguns diziam que era vontade d’Ele, que a obra não vingasse”. A terceira, no fato de que em virtude do crescimento vila, enterrar os mortos atrás da matriz, já não era mais uma opção... Decidiu-se por fim, transformar as ruínas em um cemitério, porém, a crescente proximidade com a vila desabilitou a possibilidade. A demanda pelo cemitério era urgente e a dificuldade de conseguir pedras e tijolos fez com que parte da construção começada fosse destruída e reaproveitada na construção do que veio a ser o cemitério municipal São Francisco de Paula. 

Sexto fato: Em função da crença de que o local era cercado e vigiado por almas penadas, após a demolição da capela mor para utilização dos tijolos na construção das torres da matriz e do cemitério municipal, decidiu-se por fim, não mexer mais nas Ruínas. Seja por superstição ou consciência de patrimônio público, essa decisão nos rendeu uma memória vasta dos costumes e de como se estabeleceu a sociedade curitibana da época, as Ruínas são um verdadeiro portal para o passado, em meio a uma Curitiba urbana, moderna e desenvolvida em pleno século XXI.
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