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Palácio Belvedere
Construído entre 1912 e 1915 durante a gestão do prefeito Cândido de Abreu, o Palácio Belvedere fica logo atrás das Ruínas de São Francisco, na Praça João Cândido. Quem passa hoje pela região, não faz ideia do porquê ter uma casa daquela no meio da praça....

Como já contamos nos últimos posts, o Alto do São Francisco é cheio de histórias e lendas, mas uma coisa lá é certa: sem prédios e nenhum vestígio da vida caótica do século XXI, a vista era de agradar até os olhos mais exigentes, como a que se tinha da cidade em 1915. Tanto era que, durante anos, o coronel Gonçalves tentou com todas as suas forças (especialmente as econômicas) construir a dita Igreja de São Francisco, não apenas para agradar o Santo, mas também apreciar a vista da Serra do Mar que se tinha de lá de cima.


Ao decidir que no Alto do São Francisco não se construiria nem igreja e nem cemitério, o prefeito da época, engenheiro e precursor do reaproveitamento de espaços e de materiais de construção, Cândido de Abreu, achou por bem destinar o local para a contemplação da natureza. Ali ficaria um mirante, para que a população pudesse admirar o horizonte curitibano e para dar utilidade e novos ares ao espaço, que anos antes havia sido palco de muitas lendas, especulação e burburinho. Sua proposta também era de que os moradores tivessem um lugar para tomar chá, tendo à sua frente a Curitiba que crescia. 

Assim, o nome Belvedere vem justamente de seu significado, “s.m. Pequena construção isolada em local alto, com uma bela vista”. Naquela época, a região ainda era pouco povoada e o Belvedere ficava no ponto mais alto da cidade. Entusiasta “Art Nouveau” o prefeito Cândido de Abreu decidiu fazer do Belvedere não apenas um mirante, mas uma obra digna de contemplação.

O estilo arquitetônico “Art Nouveau” tem como principal característica o uso de muitos adornos em formas inspiradas na natureza, como flores, rosáceas, trepadeiras e formatos curvos, em geral. Em 1916, em meio à primeira guerra, Curitiba ganhava um “ponto turístico” inspirado no mesmo estilo francês que influenciou Antoni Gaudí, Gustav Kilmt e muitos outros nomes da arte e da arquitetura. Além do palácio Belvedere, o Paço da Liberdade e o Passeio Público também foram construídos inspirados no modelo “Art nouveau” de construção.

Logo a altura do Belvedere abriu a possibilidade de vislumbre a novos horizontes... Em 1928 a construção foi disponibilizada à Faculdade de Engenharia do Paraná para que ali funcionasse o Observatório Astronômico e Meteorológico. Porém, o projeto não foi efetivado, e em 1933 os planos mudaram.
Considerada a rádio mais antiga do Brasil ainda em funcionamento, com sua primeira transmissão em 1924, a Rádio Clube Paranaense ganha uma nova sede em 1933 e o Belvedere ganha novas funções, além de mirante. O local era perfeito para as transmissões pois, além de alto, ficava no coração da cidade. A rádio, porém, permaneceu por lá apenas três anos.  

Além de laboratório de Astronomia e rádio, o Belvedere também foi sede de movimentos sociais como a União Cívica Feminina, que em 1964 reivindicava a deposição do presidente João Goulart e apoiava a transição para um governo militarizado. O prédio também foi palco de reuniões de outros movimentos como da Associação Brasileira de Mulheres Médicas, o Clube da Mulher do Campo e Academia Feminina de Letras do Paraná.

Em 1966, o Belvedere é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico do Estado e em 2008 passa a ser uma unidade provisória da Polícia Militar. Apesar de toda a história desse prédio, apenas em 2016 ele se tornou uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP). 
Mas.... entre todas essas idas e vindas, em 2017, desocupado, o prédio sofreu um incêndio que comprometeu grande parte de sua estrutura, especialmente em seu telhado, no último andar, impedindo a instalação da nova sede da Academia Paranaense de Letras no local. 

Com um esforço da prefeitura de Curitiba, pouco mais de um ano após o incêndio, foram iniciadas as obras de restauração do Belvedere. Durante a reforma, em maio de 2019, foram encontradas cerca de 5 ossadas humanas enterradas no entorno do imóvel, provavelmente devido à presença do antigo cemitério das Ruínas, que havia ali no séc. XIX. 
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