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A trajetória de Maria Falce de Macedo

Maria Falce nasceu em 15 de janeiro de 1897, em Curitiba. Ela era filha do casal Falce, Pedro e Philomena, proprietários de uma funerária na capital, que funcionava em um edifício nas esquinas da rua do Rosário com a Saldanha Marinho.


A Curitiba do início do século XX desenvolvia-se com a economia aquecida sobretudo pelo comércio da erva-mate. A cidade passou a abrigar as moradias dos ervateiros, ser reformada para tornar-se moderna e mais adequada às situações sociais que se apresentavam.


Já havia um hospital desde 1880, médicos que forneciam atendimentos particulares, escolas de ensino básico, mas faltava uma instituição que formasse novos profissionais, que até então vinham de outras localidades. Este foi caso do prefeito Cândido de Abreu, responsável pelas reformas urbanas em Curitiba, formado no Rio de Janeiro; e do médico Victor Ferreira do Amaral, um dos responsáveis pelo atendimento na Santa Casa de Misericórdia, também formado na então capital federal.


Para preencher essa lacuna (e atender aos desejos de Rocha Pombo), funda-se então, em 1912, a Universidade do Paraná. Em 1914 tem início a primeira turma do curso de medicina, formando os primeiros médicos em 1919.


Entre eles, a única mulher era a dra. Maria Falce, que viria a se casar com seu colega de turma, dr. José Pereira de Macedo, passando a assinar então Maria Falce de Macedo. 


Apesar do incentivo familiar para estudar, a sociedade não via com bons olhos que uma mulher cursasse uma faculdade considerada exclusivamente masculina. Isso não impediu a jovem Maria de tornar-se a primeira médica paranaense. Concluiu o curso com distinção acadêmica.


Passou a lecionar Química Orgânica no curso de Medicina e também no de Farmácia, tornando-se, em 1929, catedrática e a primeira mulher a ocupar tal posto em uma universidade brasileira (imagem 3).


Viajou ao Rio de Janeiro e realizou estudos de bacteriologia e zoologia no Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz). Realizou estudos também na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte.


Passou a chefiar o laboratório de análises clínicas da Santa Casa de Curitiba e fundou um laboratório particular juntamente com seu marido, vendido nos anos 1940 aos colegas Fani Frischmann e Oscar Aisengart. Tamanho era o prestígio da dra. Falce, que o laboratório Frischmann a citava em sua publicidade de abertura (imagem 4). 



Maria Falce residiu no bairro Ahú, onde hoje localiza-se a sede da OAB-PR, com o marido, o filho Diogo e os netos. Apesar de tantas incumbências profissionais, aproveitava o convívio familiar, passeava com os netos, envolvia-se em questões assistenciais e preocupava-se com seus alunos. Tinha longas conversas com o marido e a noite demonstrava o cuidado e carinho com a família levando chá com bolachas ao esposo e às crianças da casa.


Muito querida por todos, ajudou estudantes, funcionários e amigos e recebia, sem distinção, visitas em sua residência (imagem 5). Ajudou a fundar a Casa da Estudante Universitária, pois compreendia as dificuldades das jovens vindas do interior que desejam estudar na capital. Recebeu inúmeras homenagens ao longo da vida, dentre as quais o já extinto prêmio Pinhão de Ouro (imagem 6). 


Faleceu em 24 de abril de 1972, com nota no jornal destacando seu pioneirismo na profissão.

Texto e pesquisa de Nad Dolci


Fonte de pesquisa: MACEDO, Rafael Greca. Curitiba: luz dos Pinhais. Curitiba: Solar do Rosário, 2016. 

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