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Bar do Alemão, o Floresta Negra!

Para os curitibanos, um local de muitas conversas e submarinos brindados. Para os turistas, parada obrigatória no centro histórico. E para nós, do Turistória, um espaço de muita história (e também de muitas conversas e submarinos brindados). Esse é o Bar do Alemão!
A história 
Tudo começou em 1979. Na época, Rene Strobel queria um espaço para festar com os amigos. Tão logo, pediu o aval do seu pai para utilizar o depósito da loja dele, situada no Largo da Ordem (bem próxima ao bebedouro), e lá montou uma pequena cozinha, colocou mesas e cadeiras (as que estão no bar até hoje) e armazenou vários barris de chopp. 

Já que não só de bebida vive o homem e a mulher, Strobel convidou uma alemã, a senhora Rust, para fazer e ensinar algumas receitas tipicamente germânicas. O resultado, é claro, foi um absoluto sucesso, e em semanas fez do bar um ponto de encontro para muitos curitibanos, além dos amigos de Strobel. 
Schwarzwald

A senhora Rust propôs, e então foi decidido que o nome do bar seria Schwarzwald, cujo significado no português é Floresta Negra (e que também é nome de um bolo maravilhoso de cereja com chocolate, de origem alemã). A nomeação faz referência a uma cordilheira da Alemanha, no Sudoeste, que Rust via todos os dias pela janela do seu quarto, quando morava no estado de Baden-Württemberg (cuja bandeira é aquela que estampa a canequinha de Steinhaeger do Bar do Alemão). 

Até hoje esse nome é mantido, mas é acompanhado de um outro, muito mais conhecido, que foi criado pelos próprios clientes: Bar do Alemão. É isso mesmo, o nome do bar foi incrementado com o tempo, e quase se esquece que ele ainda se chama Schwarzwald. Provavelmente os frequentadores achavam (e acham) que Bar do Alemão é muito mais representativo e fácil de pronunciar.

Fato é que, em pouco tempo, o Schwarzwald Bar do Alemão, ou simplesmente Bar do Alemão, caiu no gosto do povo!
Os anos dourados do bar

O sucesso foi tamanho que os 60 lugares inicialmente destinados aos clientes, tiveram de ser ampliados. Devido ao crescimento da popularidade do bar, já em meados da década de 80 o segundo andar foi construído. Além disso, novas mesas e cadeiras foram postas ao longo do corredor de entrada.

O motivo de tanta procura era óbvio. Além de estar situado no berço do turismo curitibano, o Largo da Ordem, o bar atraía pela boa cerveja e pelo excelente chopp. Não somente, muitos o visitavam para conhecer o ambiente característico que mantinha, bastante rústico, musical, alegre e cultural. Um dos aspectos que mais o tornava distinto era a culinária germânica: a senhora Rust legou aos cozinheiros uma ampla variedade de legítimas receitas alemãs, como o bolo Floresta Negra, o ‘apfelstrudel’ com creme e o ‘eisbein’. 

Outro fator de sucesso do Bar do Alemão veio um tempo depois de sua inauguração: o submarino. Quem conhece essa iguaria curitibana e já a experimentou certamente sente o seu sabor só de recordá-la. Mas... pra quem ainda desconhece, vale a pena descrevê-la: o submarino é um copo de chopp (cheio, é claro) com uma caneca de porcelana dentro dele; essa caneca é posta ali (tal qual um submarino) com steinhaeger, fazendo com que, aos poucos, o sabor do chopp se misture com o do destilado. O resultado disso é uma bebida única e saborosa, mas que deve ser apreciada com moderação, por motivo óbvio!

E de onde vem o Submarino? Como boa parte das invenções do mundo, essa veio ao acaso. Certa vez, um garçom derrubou um copinho de steinhaeger no copo de chopp de um cliente, acidentalmente. O cliente, que já devia ter tomado algumas, decidiu beber mesmo assim. Bom, a aprovação foi tanta que ele mesmo pediu para o garçom trazer mais desses chopps turbinados, e, desde então, o bar passou a adotá-lo como carro chefe da casa. 


Foto: A canequinha, “honestamente roubada”. Strobel, quando percebeu que muitos de seus clientes levavam as canequinhas (desonestamente), começou a dá-las como lembrança. Para tê-las, basta beber o chopp.

A história também é feita de mudanças

O tempo não para, já diria o poeta. E com ele, tudo muda, tudo se transforma. A primeira mudança no Bar do Alemão, após sua inauguração, foi a saída da senhora Rust; depois de alguma meses, ela passou a ver a Schwarzwald da janela novamente, mas não na Alemanha, e sim no Brasil. A consagrada cozinheira decidiu abrir um restaurante do outro lado da rua, o Hummel Hummel, de frente para o Schwarzwald Bar do Alemão, podendo, assim, ver a Floresta Negra todos os dias. Mas o bar manteve seu legado, mantendo as mesmas receitas que ela mesmo havia ensinado lá em 1979. 

Além disso, o bar também mudou a sua gerência. O comerciante Anderson Prado virou sócio de Strobel em 1984 e, em 1999, tornou-se dono por completo, já que seu sócio vendeu a sua parte e decidiu viajar mundo afora… Foi ali que Prado conheceu a sua esposa, Selma Tonatto, que é quem comanda a cozinha e as vendas de souvenirs… além de ser irmã do atual gerente, Jorge Tonatto. 

Outra significativa transformação foi, na verdade, uma incorporação. Até 2014, o Bar do Alemão tinha uma entrada pequena, um longo corredor e um amplo espaço nos fundos. Recentemente, porém, o estabelecimento adquiriu a Casa Vermelha, que conecta os fundos do bar com outra parte do Largo, a central, de frente para o bebedouro. Construída durante o século XIX a mando do alemão e naturalista Wilhelm Peters, a Casa já foi utilizada como residência, espaço para comércio e hotel. Em 1993, ela passou a ser patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba, integrada ao Memorial de Curitiba, quando foi palco de inúmeras peças de teatro. Enfim, em 2014, sua estrutura foi restaurada para o período da Copa do Mundo no Brasil, para passar os jogos em telões. Desde então, faz parte do Bar do Alemão.

Ironicamente, o primeiro ano em que o Bar do Alemão transmitiu jogos da Copa do Mundo em grande escala, 2014, foi também o ano em que a seleção alemã ganhou o torneio. E, cruelmente, também foi o ano do 7 a 1. Para a maioria os brasileiros, certamente foi motivo de tristeza e vergonha, mas para os donos e fiéis clientes do bar, não sabemos se foi exatamente assim (principalmente para aqueles que são fãs do time alemão Bayern de Munique, e que vão no bar todo final de semana para assistir aos jogos). 

 Seja como for, o já quarentão Bar do Alemão continua firme no cenário comercial e cultural de Curitiba, e ainda é ponto de encontro para os jovens e os não tão jovens assim. O Schwarzwald permanece sendo um local para beber, comer, conversar, comemorar e valorizar a cultura germânica na capital (e também para afogar, lá no fundo da caneca de steinhaeger, as tristezas por mais uma Copa perdida, dessa vez não para os alemães). 

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