Museu Botânico Municipal Gerdt Hatschbach

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História

Na rua R. Engenheiro Ostoja Roguski, número 690 está localizado um dos quatro mais importantes museus de botânica do país e apesar de dividir espaço com um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, o Jardim Botânico, o Museu Botânico Municipal - MBM e sua história ficam quase sempre escondidos. Fazendo juz à grandeza desse espaço de conhecimento e divulgação científica, o Turistória revirou seus armários de naftalina para trazer à tona mais um capítulo sobre os museus da capital.

Originalmente fundado em 1965, o Museu Botânico Gedrt Hatschbach, como também é conhecido, desde 1992 fica dentro do Jardim Botânico de Curitiba. É bem verdade que seu acervo é composto basicamente de plantas, frutos e madeiras secas e à primeira vista pode não parecer muito atrativa do ponto de vista turístico, mas sua história e importância, certamente o são.

Dividido em duas áreas principais, o Museu conta com um salão de exposições (sempre com temas ligados à botânica), aberta ao público, um auditório, e uma sala de educação ambiental (com atividades suspensas pela pandemia) e um herbário no piso inferior do prédio, com acesso e visitas controladas por agendamento.

O MBM possui um dos maiores e mais importantes herbários do país e sua história se funde com a de seu fundador, Gedrt Hatschbach. O espaço reúne um material importantíssimo que documenta em exsicatas (plantas secas e prensadas) a riqueza da flora local, nacional e internacional. Ao todo, são pouco mais de 400 mil espécies coletadas aqui ou trocadas entre herbários nacionais e internacionais através de um sistema de permuta em que exemplares repetidos são trocados por exemplares inéditos.

Muito se engana quem acha que o Museu é apenas um repositório de plantas secas. Localmente, seus técnicos e estagiários trabalham na identificação e pesquisa de espécies que sejam adequadas para arborização de parques, praças e bosques da capital. Sem contar o serviço gratuito de identificação de espécies para alunos e pesquisadores do Brasil, e no banco de informações disponibilizado numa plataforma online que auxilia pesquisadores do mundo todo na descrição de novas espécies.

Gerdt Hatschbach e sua ligação com o museu

Apesar de sua grande importância, o início do museu foi despretensioso, assim como seu fundador. Doutor Gerdt, como era chamado, não era botânico, nem biólogo, sua formação era na área de química, mas seu maior passa-tempo (e paixão) era observar e estudar as plantas, o que o transformou em Doutor honoris causa em 1986 pela UFPR por seus esforços e contribuições na botânica.

Nascido no ano de 1923 em Curitiba, Gerdt Hatschbach já coletava, descrevia e mantinha uma coleção particular de plantas, muito antes da fundação do Museu Botânico. De suas expedições pelo Paraná, surgiu um material de valor inestimável, que descrevia e identificava com precisão a flora do estado. Foi desse acervo particular de pouco mais de 18 mil exemplares que surgiu o Museu Botânico, através de uma doação de Gerdt para o município.Dentre as espécies coletadas e doadas por Gerdt, estão alguns exemplares raros do século XIX e outras em extinção.

Além das exsicatas, o acervo do herbário também conta com uma carpoteca (acervo de frutos) uma Xiloteca (acervo de madeiras), e outras coleções menores de fungos e algas. Muitos dos exemplares ali depositados levam o sobrenome de Gerdt, já que foram coletados, descobertos e descritos por ele mesmo, sem contar as espécies nomeadas em sua homenagem. Atualmente mais de 180 espécies fazem alguma referência a seu nome.

Nada sofisticado: As câmeras, lentes, lupas, bússolas e facão que Gerdt utilizava em suas expedições a campo.

Mesmo depois de sua morte, em 2013, os frutos de seu trabalho ainda rendem grandes descobertas e avanços na botânica. Ao todo, foram mais de 82 mil exemplares coletados, muitos desses só foram descritos e reconhecidos como novas espécies anos depois, como as últimas 9 espécies, que foram descobertas e descritas entre 2020 e 2021, cinquenta anos depois de terem sido coletadas pela primeira vez por Gerdt.

Muitas das descobertas de novas espécies só foram possíveis pelas incansáveis expedições de coleta, que percorreram os grandes biomas brasileiros e possibilitaram uma fotografia realista da flora do país. Em 2005 em uma de suas últimas expedições, com 89 anos, Gerdt coletou um dos exemplares que serviram para a pesquisa que possibilitou a descrição de uma nova espécie.

Mesmo aposentado, Gerdt não deixava de “cumprir expediente” um dia se quer no Museu que ele fundou e do qual era curador. A coleção que se iniciou com uma planta coletada próximo ao que hoje é o Parque Barigui se tornou parte da sua própria história e mesmo com idade avançada e com a voz baixa, o Doutor Gerdt chegava antes mesmo de outros funcionários, sempre acompanhado de sua esposa e companheira Maria Magdaura.

Sentado em um banco já na porta de entrada, estava sempre disposto a ajudar em alguma identificação ou na acolhida de turmas de jovens estudantes de botânica. Não era difícil perceber que ali era seu lugar favorito no mundo.

Sem dúvidas, Gerdt foi um dos maiores botânicos do Brasil, sendo reconhecido internacionalmente. Seu legado é enorme e indiscutível e a junção do amor pelas plantas e carinho pela cidade ficaram marcadas e muito bem documentadas nos livros tombo do Herbário Municipal.

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Informações adicionais

O atual curador do Museu, o Engenheiro FLorestal Marcelo Leandro Brotto, que recebeu a equipe Turistória e falou um pouco sobre a coleção e sobre o professor Gerdt, salienta que o herbário do museu encontra-se fechado para visitação e que a consulta ao acervo pode ser feita através de e-mail e agendamento prévio ou pelo site do Sistema de informações sobre a biodiversidade Brasileira (SisBBr) - https://ala-hub.sibbr.gov.br/ala-hub/occurrences/search?q=institution_uid:in41

Texto e pesquisa de Elaine Costa

Fonte de pesquisa: