Jardim, casa de máquinas, chafariz, portão de entrada, muros e o próprio reservatório, que fica abaixo dos jardins...
Todo esse patrimônio em estilo eclético com traços europeus e ornamentos geométricos é dificilmente percebido. Para quem passa na rua, é difícil imaginar que aquele local ainda carrega o nobre propósito de guardar e distribuir água. Apesar de estar no centro da cidade, falar do Reservatório do São Francisco é falar também do sistema de abastecimento integrado que fornece água para alguns bairros da capital. É também falar de parte da história de bairros como Tarumã, Alto da XV, Batel e do próprio São Francisco, onde estão alguns dos reservatórios mais icônicos da cidade, construídos de acordo com o crescimento da população e com certo apelo arquitetônico
É debaixo dos jardins que a “mágica acontece”
Durante seus mais de cem anos de funcionamento, o reservatório deu uma pausa em suas atividades apenas em 2009, para dar seguimento a uma obra de limpeza e impermeabilização das suas duas câmaras e adequar sua estrutura às demandas da cidade. Durante o processo, o reservatório foi completamente esvaziado, revelando um espaço totalmente desconhecido e com uma arquitetura peculiar. Os alicerces em formato de arcos e abóbadas, construídos com tijolos maciços, muito comuns na época, porém, pouquíssimo utilizados nos dias de hoje.
As duas câmaras do Reservatório do São Francisco durante o processo de esvaziamento, limpeza e impermeabilização. Foto: Gazeta do Povo.
A arquitetura impressiona tanto pelo tamanho quanto singularidade, já que algo parecido foi observado apenas em Lisboa, onde um reservatório semelhante (Reservatório da Patriarcal) funcionou durante os anos de 1860 a 1940 e hoje abriga o Museu da Água em Portugal, ou seja, além desses dois reservatórios (Curitiba e Lisboa) não há outros registos conhecidos e preservados nos dias de hoje.
Uma pena que a reforma durou pouco tempo e o acesso a esse local inusitado foi reservado aos técnicos, pequenos grupos de pessoas (funcionários da empresa de saneamento responsável pela manutenção) e algumas equipes da imprensa, não contemplando a população em geral, que até hoje não faz ideia, a não ser pelas fotos, de como é o interior do reservatório.
Outras memórias...
Além do reservatório do São Francisco, Curitiba ainda possui mais alguns reservatórios icônicos para a cidade, como o Reservatório do Alto da XV, que foi construído pra suprir as demandas da população curitibana na década de 40. Assim como no São Francisco o reservatório do Alto da XV, que na verdade fica no bairro Cajuru, também recebeu, durante muitos anos, as águas dos Mananciais da Serra.
Os canos que levavam água para o reservatório traçavam um caminho chamado Estada do Encanamento (atual Vitor Ferreira do Amaral). Nos tempos da segunda guerra o caminho foi pista de pouso para aviões. e os canos passavam pelas
Naquele tempo, além das fazendas, carroças, e tonéis de vinho, pouca coisa se via por ali... a obra de trazer água da Serra, trouxe também a oportunidade de crescimento para os imigrantes que haviam chegado na capital e estabelecido suas propriedades na região.
Hoje, os grandes canos de metal, que passavam pela região e cortavam as propriedades dos Bigarella, Schaffer, Languer e Hauer, estão todos debaixo da terra, e daquela época só ficaram histórias e lembranças....
Entrevista do jornal Tribuna do Paraná, mostra descendentes e antigos moradores que contam parte da história da "Estrada do encanamento" e de como a região se desenvolveu ao longo dos anos.