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Tipuana

Esse amarelo vivo das flores miúdas que colorem as calçadas da Terra do Pinhão, vem de uma das árvores mais utilizadas para arborização urbana na cidade de Curitiba, a Tipuana tipu, ou apenas Tipuana. Essas árvores são originais da Argentina e Bolívia, a apesar de exóticas, se adaptaram muito bem ao clima do Sul e Centro-Sul do Brasil. 


Muitas metrópoles brasileiras utilizam essa árvore pelo “simples” motivo de que, com manejo correto, elas podem ser plantas em praticamente qualquer local da cidade: bosques, praças, calçadas e em grandes avenidas. 


Em Curitiba existem 5 Tipuanas imunes a corte e tombadas pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Paraná localizadas no centro da cidade. Uma fica dentro da propriedade do colégio Sion, e as quadrigêmeas, como podemos chama-las, localizam-se na rua Ébano Pereira em frente à praça Santos Dumont, duas em cada lado da rua. Não se sabe ao certo a idade das quadrigêmeas, mas estima-se que tenham sido plantadas todas na mesma época.

A árvore possui algumas características bem fáceis de serem identificadas, como copa a frondosa e alta, com uma boa dose de sombra pra quem precisar, suas folhas são compostas de pequenas folhinhas, que no outono, caem para economizar energia no inverno. O tronco é cheio de ranhuras da casca grossa que protege a planta da entrada de bichinhos. 


Essa anatomia permite que ela abrigue uma quantidade infinita de pequenas outras plantas que vivem em seu tronco, entre elas, estão bromélias, samambaias e cactos epífitos. Por esse motivo também, ela é uma das principais afetadas pela “erva daninha” chamada erva-de-passarinho, que também cresce por cima de outras árvores. Essa erva é uma parasita e a principal responsável pelo enfraquecimento dos galhos e troncos, fazendo com que as Tipuanas sejam as principais árvores com incidência de tombamentos em meio a chuvas e temporais. 


Foto: Fissuras da casca com destaque para as "samambaias" epífitas crescendo junto ao tronco.

A florada amarelinha vem entre outubro e dezembro e é comum ver pequenos passarinhos se alimentando no chão em meio ao tapete de flores, as abelhas também são diretamente beneficiadas pelo espetáculo de cor. A semente é seca e possui uma espécie de “asa” que facilita sua dispersão pelo vento.
Frequentemente ao passar em baixo das Tipuanas, é possível sentir pequenas gotas caindo. Essas gotas são fruto da evaporação que quando secas, se transformam em pequenos “cristais” branquinhos que grudam na superfície das folhas, caules e até mesmo dos carros que repousam em baixo da árvore. 

Outras duas características bem interessantes dessa espécie, é que ela tem um cheiro muito característico e agradável, que fica mais perceptível em dias muito úmidos ou de chuva. Ao ser cortada, uma resina de cor vermelho vivo escorre de seu tronco, esse “sangue” que escorre da planta e seca com um aspecto de âmbar, ajuda na cicatrização das partes cortadas, evitando que fungos e bactérias deixem a planta doente ou que acelerem o processo de decomposição.
E como nosso negócio é contar história... Um fato muito interessante ligado a essa espécie é que em 1975 ela foi a principal propulsora do movimento ambiental do país...Tudo porque nesse ano, em Porto Alegre, alguns funcionários da prefeitura decidiram cortar Tipuanas que atrapalhariam a construção de um viaduto. Um estudante que estava passando por ali achou que as árvores não deveriam ser derrubadas e decidiu subir em um Tipuana para que ela não fosse derrubada... em pouco tempo, mais estudantes chegaram e o protesto estava formado. A vida da árvore foi poupada após muita negociação e até quebra pau com a polícia.... A partir daí a consciência ambiental tomava forma no Brasil como uma luta em favor das vidas que não tem voz nem poder de lutar por si mesmas...

Agora que você já sabe como identificar uma Tipuana e de toda sua história, que tal começar a olhar com olhos de “Turistória” para essas gigantes das calçadas?
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